Chuva insuficiente e irregular afeta a cultura do milho

Chuva insuficiente e irregular afeta a cultura do milho
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MATÉRIA PUBLICADA NA EDIÇÃO IMPRESSA DO DIA 22 DE NOVEMBRO DE 2024

Com a chegada do verão, a chuva irregular e mal distribuída está integrada à realidade do produtor rural. No mesmo Município, é possível encontrar localidades com realidades diferentes. Em Guarani das Missões, a cultura do milho é exemplo disso. Em alguns locais, ”uma chuva a mais” ou ”uma a menos” muda o cenário para o agricultor.

Dois produtores entrevistados nesta semana evidenciaram que em suas propriedades, o volume de chuva é insuficiente para garantir uma boa rentabilidade para o milho. João Adamski plantou 9 hectares nesta safra, divididos em áreas na Pinheiro Machado (4 hectares para silagem) e no Passo dos Violas (5 hectares para grãos).

Em ambos os casos, a semeadura ocorreu entre os dias 22 e 29 de agosto. Hoje, as áreas estão em fase de florescimento e enchimento de grãos. Até a fase de pré-polinização, a cultura apresentava um ótimo desenvolvimento, com plantas sadias e de rápido crescimento. ”O milho se desenvolveu muito bem, inclusive sem a infestação de pragas e doenças”, disse. Mesmo assim, o agricultor, que também atua como presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Guarani das Missões e Sete deSetembro, e tem a formação de Técnico em Agropecuária, relatou que optou em fazer de forma preventiva o uso de inseticida e fungicida, apesar de não encontrar em suas vistorias a incidência de pragas, inclusive sem enfezamento causado pela cigarrinha do milho, praga que vem há vários anos prejudicando as lavouras de milho em toda a região.

É preciso que chova bem

O desafio agora é a chuva, cuja precipitação está sendo insuficiente para as plantas. Para garantir uma boa safra, será necessário ainda em torno de 100 mm levando em conta a atual fase da cultura. Além da falta de chuva, o que preocupa o produtor é a irregularidade com que ela cai na região, trazendo disparidade nas lavouras em poucos quilômetros de distância. Como exemplo, ele citou que desde o início do mês, a comunidade da Pinheiro Machado registrou 35mm de chuva, enquanto que na outra área de milho, no Passo dos Violas, foi registrado apenas 20mm.

João destacou que realizou um alto investimento nesta safra, esperando que, com o clima favorável, pudesse colher até 700 sacas de milho nos 5 hectares destinadas para grão. ”Se o clima continuar assim, sem volumes expressivos de chuva, creio que não vou colher nem 80 sacas por hectare, se escolher não fazer silagem”, comentou.

Caso a chuva necessária não venha com intensidade nos próximos dias, o agricultor já faz planos: utilizar a área que seria de grãos para silagem, para garantir o trato dos animais, pois não sabe o que esperar desse verão. O produtor também atua no setor leiteiro. Ele salientou que os últimos anos foram de grandes dificuldades para conseguir estocar alimentos aos animais da propriedade. Neste ano, a estimava é colher mais de 300 toneladas de silagem, porém com mais de 25 dias sem chuva e no período mais crítico do desenvolvimento da lavoura, o agricultor estima uma queda de 40% de redução de volumoso colhido.

”Triste realidade que enfrentamos. Está ficando cada vez mais difícil produzir alimentos em nosso país, levando em conta as atuais inseguranças de precificação da atual conjuntura do mercado, a alta do dólar, mudanças climáticas bruscas nos últimos anos, e sem apoio, o agricultor familiar enfrenta ano após ano maiores dificuldades em continuar produzindo”, ressaltou.