Cerro Largo: Monitoramento aponta postura de ovos de Aedes Aegypti em bairros da cidade

  • 29 de outubro de 2024
  • Saúde
Cerro Largo: Monitoramento aponta postura de ovos de Aedes Aegypti em bairros da cidade
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As ovitrampas são instaladas pelos agentes de endemias, vinculados à Secretaria de Saúde; e as análises laboratoriais são realizadas pela Universidade

MATÉRIA PUBLICADA NA EDIÇÃO IMPRESSA DO DIA 18 DE OUTUBRO DE 2024

Na tarde da segunda-feira, 14 de outubro, foi realizada nas dependências da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Cerro Largo, uma oficina sobre o monitoramento e controle do mosquito Aedes aegypti. O evento é parte de um projeto de extensão que une a UFFS e a Secretaria de Saúde do Município, com o objetivo de intensificar a conscientização e o combate à proliferação do vetor da dengue.

Milton Strieder, um dos organizadores do projeto, Professor da Universidade e Doutor em Zoologia, ressaltou a urgência da ação, uma vez que nos últimos anos os números de casos de dengue na região e no município estão em constante aumento. Em Cerro Largo, entre 8 a 10% da população foi infectada no verão de 2024. Os dados deste ano ultrapassam muito os registros de 2023, o que motivou a realização da oficina para reforçar o combate à doença.

Durante a oficina, foi discutido o impacto do Aedes aegypti, um mosquito que prevalece em regiões tropicais, mas que, devido às mudanças climáticas, está se expandindo também nas áreas subtropicais que tem a temperatura aumentada principalmente durante o inverno. Strieder destacou que, em 2003, o estado do Rio Grande do Sul era considerado livre de casos autóctones de dengue. O primeiro registro de transmissão local no estado ocorreu em 2007, no município de Giruá. Em Cerro Largo, o primeiro caso autóctone foi confirmado em 2010. Nos últimos anos, no entanto, os números de casos têm se mantido constantes, com um aumento expressivo no final de 2023 e início de 2024. Hoje, o Município não possui caso de contaminação ativa de dengue.

Segundo o professor, acima de 99% das contaminações ocorrem quando o mosquito pica uma pessoa infectada e, depois, transmite o vírus para outras pessoas. Ele também destacou que novas pesquisas indicam que o vírus da dengue também pode ser transmitido de uma geração de mosquito para outra, através dos ovos, tornando ainda mais crucial o controle da população do Aedes aegypti.

Um fato histórico mencionado durante a oficina foi sobre a campanha nacional de erradicação do mosquito da dengue, que em 1955 havia conseguido eliminar o mosquito do país. No entanto, em 1960, alguns casos de ocorrência voltaram a ser registrados. Strieder chamou atenção para o aumento da gravidade dos casos de dengue nos últimos anos e proliferação acentuada do mosquito no país. O Brasil passou de 31,4% de seu território afetado pelo mosquito da dengue em 1995 para 89,9% em 2021.

OVOS EM BAIRROS DA CIDADE

Everton Schwancke, Agente de Combate a Endemias, enfatizou a parceria entre a UFFS e a Secretaria de Saúde, que implementou o uso de ovitrampas para monitoramento do mosquito, um método de alta sensibilidade para detecção da presença do Aedes aegypti em vários bairros de Cerro Largo. Atualmente, há 50 ovitrampas que são instaladas mensalmente, sendo espalhadas pelo Centro, Santo Antônio, Bairro do Convento, Paulino Moscon, Brasília e CIEP. A análise das ovitrampas permite identificar as áreas com maior incidência de mosquitos, o que direciona as ações de combate.

OVIPOSTURAS NO INVERNO
Os recentes resultados, de amostragens dos meses de junho a setembro, que foram analisadas pela UFFS, atestaram a colocação de ovos pelos mosquitos durante o inverno. Segundo o último levantamento de dados, 14 palhetas atestaram positivo para a presença de ovos. com exceção do Bairro Convento, as outras cinco localidades apresentaram oviposturas, ressaltando em preocupação com o extermínio dos focos de mosquitos para evitar um novo surto de Dengue no Município. ”A partir desses resultados obtidos pelas análises, redirecionamos a nossa equipe de combate a endemias para uma busca efetiva nesses locais com maior concentração de oviposturas para eliminar o Aedes”, disse Everton.

O Agente de Endemias também destacou o trabalho contínuo de conscientização, principalmente em escolas, e mencionou que a Secretaria de Saúde tem distribuído kits com cloro para tratamento de caixas d’água, um dos principais focos de proliferação do mosquito. Ele afirmou que a população pode solicitar esses kits gratuitamente e que a correta utilização é fundamental para a prevenção.

FORMAS DE COMBATE
Segundo o Professor da UFFS, existem três principais formas de controle do Aedes aegypti: o controle físico, que envolve a eliminação de criadouros; o controle biológico, com o uso de microrganismos que afetam o mosquito; e o controle químico, utilizando inseticidas.

Para eliminar os criadouros, a equipe de endemias já utilizou, anteriormente, máquina costal para a aplicação de inseticida em locais com muita presença dos mosquitos. Além disso, poderá ser utilizado para controle um novo inseticida que promete permanecer no local aplicado de quatro a seis meses. ”Existe a possibilidade dessa aplicação em paredes de locais com bastante circulação de pessoas e de presença dos mosquitos. Ao entrar em contato com o produto, o Aedes será eliminado”, disse Everton.

PRÓXIMAS AÇÕES
Entre as próximas ações planejadas, está um mutirão de limpeza no cemitério municipal, previsto para o dia 22 de outubro, como parte dos esforços para eliminar possíveis criadouros do mosquito e intensificar o combate à dengue em Cerro Largo.

Foto: Milton Strieder/UFFS