MATÉRIA PUBLICADA NA EDIÇÃO IMPRESSA DO DIA 6 DE SETEMBRO DE 2024
Cerro Largo, RS — Desde 1992, Rene Jaime Ten Cathen tem desempenhado um papel fundamental na Paróquia Sagrada Família de Nazaré, em Cerro Largo, onde atua como zelador da Igreja Matriz. Durante mais de três décadas, ele não apenas cuida da limpeza e manutenção do espaço, mas também assumiu uma das tarefas mais emblemáticas e respeitadas: o toque manual dos sinos da igreja.
Em agosto daquele ano, Rene e família se mudou da Santa Bárbara para o centro da cidade para atender à necessidade da paróquia de alguém dedicado para zelar pelo patrimônio da igreja. Desde então, a família reside em uma casa cedida pela paróquia, nas proximidades da igreja.
Entre todas as suas responsabilidades, o toque dos sinos tem um lugar especial na rotina de Rene. No início de sua função, ele tocava o sino três vezes ao dia: às 6hs30min, ao meio-dia e às 18hs, evidenciando a oração do Ângelus ou Ave Maria. Nos últimos oito anos, a ação foi cessada, voltando à rotina nas últimas semanas, com o tocar ao meio-dia.
O zelador mantém a tradição viva, seguindo uma técnica específica e cuidadosa para cada ocasião. “Há uma responsabilidade grande em tocar os sinos corretamente”, afirmou Ele explica que, para as batidas do Ângelus, o toque é repetido três vezes com o badalo de um lado, realizado em três ciclos. Para as missas, um sino diferente é tocado com badalos em ambos os lados, por um minuto, meia hora antes do início. Faltando dez minutos para o início da missa, outro toque de sino é realizado, usando dois sinos simultaneamente. Em celebrações especiais, como Natal e Ano Novo, todos os quatro sinos da igreja, de diferentes tamanhos e pesos, são acionados para criar uma sonoridade única e marcante.
Rene destaca que a pontualidade é essencial para o toque dos sinos. “Não pode ser um minuto a mais nem um minuto a menos”, comenta, relembrando com humor uma das poucas vezes em que o tocar dos sinos não seguiu à risca o horário. ‘‘Um dia eu confundi os horários e toquei o sino às 5hs30min da manhã, uma hora antes do correto. Nesse dia, teve pessoas que saíram para trabalhar uma hora antes’’, relembrou.
Apesar dessas raras falhas, ele sempre manteve um compromisso rigoroso com a precisão e a tradição. No entanto, o futuro trará mudanças para a Paróquia Sagrada Família de Nazaré. A automatização dos sinos está sendo planejada, o que dispensará a necessidade do toque manual. Para Rene, que dedicou grande parte de sua vida a essa tarefa, a transição será significativa, marcando o fim de uma era em que o som dos sinos era cuidadosamente guiado por suas mãos.
Ainda assim, ele continua a desempenhar seu papel com a mesma dedicação e cuidado que o acompanharam desde o início. Mesmo com a iminente automatização, seu legado como o guardião dos sinos permanecerá na memória da comunidade de Cerro Largo, que por tanto tempo ouviu o som que ele ajudou a manter vivo.
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