MATERIA PUBLICADA NA EDIÇÃO IMPRESSA DO DIA 26 DE JULHO DE 2024
A Trajetória dos Primeiros Imigrantes
Guido Cassildo Hentz, pesquisador e historiador de Cerro Largo, compartilhou informações sobre os 200 anos da imigração alemã no Estado do Rio Grande do Sul. Segundo Hentz, a chegada dos primeiros
imigrantes alemães aconteceu em 1824. “Os primeiros colonizadores chegaram a São Leopoldo, totalizando cerca de 39 pessoas. Antes de se estabelecerem no Rio Grande do Sul, esses imigrantes vieram de navio para os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, e depois para Porto Alegre, de onde se deslocaram para São Leopoldo em embarcações menores,” explicou Hentz.
Os pioneiros imigrantes eram majoritariamente católicos e evangélicos. A pedido do Imperador Dom Pedro I outras levas de imigrantes vieram ao país com o objetivo de suprir a necessidade de alimentos nas grandes cidades, como Porto Alegre. “Esses primeiros imigrantes eram principalmente horticultores, responsáveis por abastecer as cidades com hortifrutigranjeiros, que careciam de mantimentos,” destacou o historiador. A região do Vale dos Sinos e do Caí, por exemplo, se tornou um grande produtor de laranja e cítricos, uma tradição que persiste até hoje em decorrência da influência pela imigração.
Expansão e Contribuições Culturais
À medida que mais imigrantes chegaram, eles começaram a se estabelecer em outras regiões do estado. Desde o início, eles trouxeram consigo sementes de diversas culturas, como beterraba, cenoura, rabanete e batata. Além disso, eles também possuíam materiais e obras literárias da Europa, voltadas para a pecuária e medicina, demonstrando uma preocupação em manter e transmitir conhecimentos e cultura,” comentou Hentz. Os alemães também valorizavam a arte e a cultura, promovendo atividades como teatro, música, e jogos, além de cantos religiosos.
Influência alemã em Cerro Largo
Guido observa que as primeiras construções, como pontes e escolas, eram realizadas em mutirões comunitários, com envolvimento da comunidade. Durante 35 anos, as escolas comunitárias foram construídas e mantidas pelos pais dos alunos. “Entre 1903 e 1928, mais de 20 escolas foram erguidas na Colônia Cerro Azul, que abrangia na época 300 km²,” relatou Hentz. Os professores eram pagos pelos pais e todo o material escolar era fornecido por eles. Além disso, outra ação comunitária envolveu a abertura e manutenção de estradas e pontes, por exemplo.
Outro destaque mencionado pelo historiador é a destinação de áreas específicas para a construção de escolas, igrejas, casa paroquial e cemitérios, um plano estabelecido pelo projetista Carlos Kulmey, natural de Berlim – Alemanha. “A colonização em Cerro Largo foi coordenada pelo Padre Maximiliano Von Lasberg e, a partir de 1907, pelos padres palotinos, que iniciaram a construção da igreja matriz de Cerro Largo, concluída em 1921,” acrescentou Hentz.
O Centro Cultural 25 de Julho desempenha um papel fundamental na preservação da história e cultura dos imigrantes alemães. Fundado em 1952, o Centro Cultural possui um museu com mais de duas mil peças, muitas delas com envolvimento voluntário de pessoas mediante doações.
Para relembrar e reforçar a data, o Centro Cultural realizou almoço no último domingo, 21 de julho, nas dependências do CTG Porteira das Missões. Segundo o Presidente da entidade, José Claudino Hister, o Museu atualmente está fechado, mas pode ser aberto para visitações programadas. Em seu interior, é possível encontrar muitos registros antigos que relembram a trajetória dos alemães na região, bem como de outros períodos e momentos da história. Além de ferramentas e utensílios da época dos alemães no Estado, o Museu também guarda muitas outras relíquias, incluindo uma cabeça de múmia egípcia com mais de 3.800 anos.
Segundo José, o Museu exerce um importante papel. ”Imigrantes somos todos nós. Temos que valorizar o trabalho e dedicação dos nossos antepassados. Muitas coisas se perderam com o tempo, mas o Museu mantém viva essa história”, finalizou.
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