MATÉRIA PUBLICADA EM 17 DE NOVEMBRO NO JORNAL GAZETA INTEGRAÇÃO
Na noite da terça-feira, 14 de novembro, último dia da VI Semana Acadêmica do Curso de Direito, o auditório da URI Cerro Largo recebeu a comunidade acadêmica e regional para uma palestra com o renomado e polêmico advogado criminalista Jean Severo. O profissional é considerado um dos maiores criminalistas do País, advoga em casos e júris de repercussão e também para pessoas acusadas de serem os maiores líderes de organizações criminosas.
O tema da palestra foi ‘‘Tribunal do Júri e os processos midiáticos: julgamento Boate Kiss’’. A abertura dos trabalhos foi realizada pelo Coordenador do Campus Avançado da URI Cerro Largo, Renzo Thomas. O advogado criminalista compartilhou a sua trajetória e sua experiência de 25 anos como profissional. Enalteceu os primeiros passos de sua carreira, bem como destacou sua atuação em casos midiáticos como um fator de impulso na carreira.
Um dos primeiros e de grande repercussão foi o caso do menino Bernardo Boldrini, que desapareceu em 4 de abril de 2014, em Três Passos. O corpo do menino Bernardo foi encontrado dez dias depois, dentro de um saco, enterrado em cova rasa às margens do rio Mico, em Frederico Westphalen. O Advogado atuou na defesa de Edelvânia Wirganovicz, amiga da madrasta Graciele Ugulini, que admitiu a coautoria do crime e apontou o local onde a criança foi enterrada. ‘‘Foi um grande desafio como profissional e que de certa forma abriu as portas para meu trabalho, tornando-me conhecido’’, disse.
Outro caso midiático, em andamento, trata do incêndio da Boate Kiss. No dia 27 de janeiro de 2013, em um show pirotécnico, 242 pessoas morreram e outras 636 ficaram feridas em incêndio na boate em Santa Maria. O advogado é defensor do assistente de palco Luciano Bonilha Leão, acusado de ter comprado os fogos de artifício e ter entregue aos membros da banda Gurizada Fandangueira. Em sua explanação sobre o caso, Jean enalteceu os grandes desafios do julgamento no plenário, que terá sequência com novo júri marcado para 26 de fevereiro de 2024. ‘‘Como as pessoas julgarão o caso depois de terem assistido a série da Netflix sobre o ocorrido na boate? Estamos falando de uma possível contaminação da convicção dos eventuais jurados, o que dificultará a atuação das defesas no júri’’, disse.
Em sua trajetória na profissão, Jean complementou ainda que um dos momentos mais desafiadores é defender uma pessoa inocente. ‘‘É um dever inocentar, o que torna o trabalho angustiante’’, disse referindo-se especialmente ao seu cliente Luciano no caso da Boate Kiss.
Além disso, defendendo acusados de serem líderes de facções criminosas, Jean alertou para um movimento ilegal e abusivo que tende a promover em retaliação a criminalização da advocacia criminal. A ação consiste na tendência de se acusar o advogado como possível coautor ou partícipe de crime de lavagem de dinheiro no recebimento de honorários ou de associação criminosa em crimes supostamente cometidos pelo seu cliente, bem como de se considerar potencialmente criminosas condutas típicas do exercício da advocacia.
Segundo Jean, o profissional da advocacia deve sempre seguir os princípios éticos da profissão, ainda que defenda pessoas criminosas, pois sem a ampla e efetiva defesa ninguém pode vir a ser condenado. Sobre a sua vinda a Cerro Largo, o advogado espera que o assunto abordado da Semana Acadêmica sirva de aprendizado para os advogados e futuros profissionais da advocacia.
Fonte: Jornal Gazeta Integração
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