A preocupação com o futuro do tempo e do clima é constante, principalmente em episódios isolados de seca e chuva persistente. Na quarta-feira, 25 de outubro, o professor, Dr. em Meteorologia, Anderson Nedel, coordenador do projeto de extensão “divulgação da previsão meteorológica e climática à comunidade regional”, da Universidade Federal da Fronteira Sul, Câmpus Cerro Largo, palestrou para os alunos do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária. A ação fez parte da XII Semana Acadêmica do curso e buscou evidenciar o fenômeno climático El Nino e as mudanças climáticas.
Em entrevista ao Jornal Gazeta Integração, o professor explicou que o El Nino se refere ao aquecimento anormal das águas do oceano pacífico tropical. ”Como impacto dessa fenômeno, esperam-se mais chuvas para a nossa região, enquanto que nos estados do Norte do País prevalece a seca”, disse.
A tendência é de que o fenômeno se mantenha ativo ainda pelos próximos meses, permanecendo até os meses de março e abril/2024. Porém, o ápice será o período novembro/janeiro. ”Os vários modelos climáticos mostram uma intensificação dos índices de classificação de El Niño, e a previsão de chuvas acima da média, especialmente em novembro e dezembro. Deverão ser os mais chuvosos em nossa região. Entre os meses de março e abril, deve se ter uma condição de normalidade, com o enfraquecimento do El Niño e transição para o período neutro”, pontuou. No ano passado, a região das Missões passou pelo fenômeno do La Nina, que ao contrário do El Niño, traz períodos de seca ao sul do Brasil e chuvas abundantes para a região norte.
Mais El Nino ou La Nina?
Historicamente, não há uma sequência de ocorrência lógica, porém o La Nina costuma permanecer ativo por mais tempo do que o El Nino. Ainda segundo o Professor, no decorrer dos últimos anos o que se notou é que ambos fenômenos se intensificaram, trazendo chuvas e secas intensas e em curtos períodos de tempo.
Mais chuva até 2040 (futuro próximo) e o impacto dos poluentes atmosféricos no clima
O painel intergovernamental sobre mudanças climáticas (IPCC) em seu último relatório climático aponta para ocorrências de precipitações e temperaturas, médias, maiores para as próximas décadas, para o RS. ”Esses relatórios apontam que poderemos ter, a longo prazo, precipitações intensas, frequentes e com volumes acima do normal, seguido de temperaturas médias mensais elevadas (isso não quer dizer, porém, que não haverão alguns episódios de secas). Essa é uma tendência que pode permanecer até 2100”, disse.
Com aumento das emissões de gases de efeito estufa para atmosfera, os impactos das mudanças climáticas são mais perceptíveis, ocasionando, por exemplo, a ocorrência eventos extremos, como muitos acumulados de chuva em um curto período de tempo (horas).
Segundo Nedel, o IPCC recomenda que haja uma redução drástica dos gases de efeito estufa emitidos para a atmosfera (poluentes), especialmente nos grandes centros urbanos, contribuindo para conter o aquecimento ao longo do globo. ”Se tem a expectativa (e a esperança) de limitar o aquecimento, até 1,5°C, até 2040, para evitar maiores impactos no clima. Estamos atualmente com valores maior que 1.1°C de aquecimento. Se conseguirmos manter o aumento da temperatura em (até) 1,5°C, os impactos dos eventos extremos de tempo, como ondas de calor, secas e chuvas intensas, serão minimizadas nas próximas décadas, mas se continuarmos no ritmo atual de emissões a frequência e a intensidade desses eventos extremos de tempo serão maiores e mais severos”, finalizou.
Fonte: Jornal Gazeta Integração
55 9 9127-4858
55 9 9110-7516
gazetain@yahoo.com.br
Busque no site