Essa é uma das perguntas que muitos produtores rurais gostariam de ter a resposta. O preço baixo pago ao produtor de leite nos últimos meses persiste, trazendo preocupação para quem sobrevive da atividade.
O produtor Blásio Rauber, da comunidade da Santa Fé – Cerro Largo, possui 40 vacas em lactação. Atualmente, a produção diária da propriedade não chega aos 400 litros, situação diferente da vivenciada há alguns meses. ‘‘Pelo fato do preço baixo, tivemos que reduzir custos, o que fez com que diminuíssemos a qualidade do trato dos animais. Normalmente, teríamos de 900 a 1.000 litros diários’’, disse em entrevista.
Blásio trouxe alguns números que exemplificam a drástica descida no preço do leite que ele comercializa para a empresa Deale. Segundo o produtor, nos primeiros meses do ano, o preço pago chegou a R$2,90. Hoje, ele recebe em torno de R$2 por litro. ‘‘Existe produtores que recebem bem menos de R$2’’, pontuou.
PREÇO DESMOTIVA PERMANÊNCIA NO CAMPO
Os preços do leite sempre oscilaram, porém, Blásio enalteceu que o produtor de leite vem passando por um longo período com constante desvalorização, comprometendo a rentabilidade e a sucessão rural. Com quatro filhos, Blásio e a esposa Maria Nilse não vêem seus filhos dando sequência no ramo. Os dois mais velhos residem fora do País e os dois mais novos, diante do atual cenário, não desejam permanecer no campo.
A situação é ainda mais complicada com as secas dos últimos dois anos que descapitalizou muitos produtores. Na safra de soja, por exemplo, a família Rauber veio de duas safras com frustrações. No ano passado, a média foi de 8 sacas por hectare; já no ano anterior, foram apenas 4 por hectare. ‘‘Nunca em uma seca eu tinha colhido menos que 15 sacas por hectare’’, lembrou.
Diante de secas e preço baixo, Blásio enaltece que a situação vai ficar ainda mais complicada se os preços e as safras não apresentarem bom resultado. Ele lembrou que muitos produtores rurais desistiram de seguir na atividade leiteira. ‘‘Há oito anos eram mais de 20 produtores na comunidade da Santa Fé; hoje são apenas quatro com perspectiva de diminuição’’, disse.
Fonte: Jornal Gazeta Integração
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