O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) confirmou um caso de febre amarela, identificada em um macaco bugio, localizado na cidade de Santo Antônio das Missões. O animal foi encontrado já morto, em área de mata, em junho, com o resultado confirmatório concluído na quinta-feira (2/8). É a segunda ocorrência em primatas no Rio Grande do Sul neste ano.
Diante do achado, a Secretaria da Saúde (SES), por meio da Vigilância Ambiental em Saúde da 12ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), onde fica Santo Antônio das Missões, realizará, junto ao município, uma investigação no local em que o macaco foi encontrado. A equipe procurará animais vivos ou mortos e fará a verificação do status vacinal da população humana que vive no entorno.
Desde 2009, não há casos humanos confirmados de febre amarela no Estado. A Vigilância Ambiental em Saúde investiga as mortes suspeitas de primatas e, com isso, determina as áreas de risco.
De janeiro a junho de 2023, foram notificadas 70 epizootias (morte de um ou mais primatas) em 26 municípios do Estado, envolvendo a morte de 73 animais. Foi realizada coleta de amostras em 66 deles. Desse total, foi detectada a presença do vírus causador da febre amarela em janeiro de 2023, em Caxias do Sul (na 5ª CRS), e, agora, na região das Missões.
A doença
A febre amarela é uma doença viral, transmitida por mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes que habitam áreas silvestres. Possui alta letalidade, mas é prevenível por meio de vacina. O homem e os primatas não humanos (PNH) podem ser afetados.
A doença silvestre possui um ciclo natural entre mosquitos e macacos na natureza. A febre amarela urbana não ocorre no Brasil desde 1942.
Os primeiros sintomas são febre, calafrios, dor de cabeça, dor nas costas, dores musculares, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos. Após esse período inicial, geralmente a temperatura baixa e os sintomas diminuem, provocando uma sensação de melhora no paciente. Porém, os sintomas podem reaparecer, seguidos por diarreia e vômitos com aspecto de borra de café.
O termo “amarela” se refere à icterícia (amarelão) apresentada por alguns pacientes nos olhos e na pele. É uma doença com possibilidade de piora importante em período de horas ou dias. Ao perceber os primeiros sintomas, a pessoa deve procurar um serviço de saúde, ingerir muita água e evitar o uso de medicamentos por conta própria.
Importância da preservação dos macacos
Na natureza, as principais vítimas da febre amarela são os macacos. No Rio Grande do Sul, são representados majoritariamente pelas espécies bugio e macaco-prego. Os primatas não são responsáveis pela transmissão. Esses animais são considerados como sentinelas, já que servem como indicador da presença do vírus em determinada região. A transmissão não ocorre de animal para humano. A doença é transmitida somente pela picada do mosquito.
Caso a população encontre macacos mortos ou doentes, deve informar o mais rapidamente ao serviço de saúde do município ou do Estado. O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) disponibiliza o telefone 150 para informações, com atendimento de segunda a sexta-feira (das 8h30 às 19h).
Vacinação
A imunização deve ser realizada pelas secretarias municipais de saúde. Pessoas que não têm comprovação vacinal são consideradas não vacinadas e devem se dirigir às Unidades Básicas de Saúde.
Crianças devem tomar a primeira dose aos nove meses e um reforço aos quatro anos. A partir dos cinco anos, não vacinados recebem dose única. A recomendação de vacinação em dose única, de acordo com o calendário do Programa Nacional de Imunizações, vai dos cinco aos 59 anos.
A vacinação de pessoas com mais de 60 anos de idade, gestantes e mulheres que estejam amamentando crianças menores de seis meses deve ocorrer em situações especiais (como emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco, mediante a avaliação de risco/benefício, feita por um médico). Em mulheres que estejam amamentando, pode-se considerar a suspensão do aleitamento materno por 10 dias. Pessoas com comorbidades devem receber avaliação de risco/benefício prévia à vacinação.
Além disso, em ambientes silvestres, a população deve sempre usar repelentes, observando as recomendações de cada fabricante em relação ao prazo de ação efetiva de cada produto.
Fonte: Secretaria de Saúde do Estado
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