Campo florido: canola é alternativa no inverno com baixo custo de implementação

Campo florido: canola é alternativa no inverno com baixo custo de implementação
Compartilhe

Se no ano passado o Rio Grande do Sul colhia uma das maiores safras de canola da história, em 2023 a aposta na cultura segue alta. Inclusive, despontando entre os demais cultivos da estação, com projeção de crescimento. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Canola (Abrascanola), o aumento de área é de 24% nesta safra, com expectativas “interessantes” para a produção.

A canola é a única cultura que mostrou projeção positiva de produção na estimativa da safra de inverno da Emater, apresentada na semana passada. Mas os números da instituição são mais tímidos que os da Abrascanola. Com crescimento de 18,4% em área, a produção esperada é de 109.677 toneladas, somente 1% a mais que no ano passado, e com produtividade menor, de 14,7%, segundo a Emater.

CERRO LARGO
Em Cerro Largo, segundo a Emater, a área destinada à canola no Município alcança as 200 hectares. A área implementada não sofreu alterações com relação aos últimos anos, mantendo-se nessa estimativa. Paulo Jair Welter foi um dos produtores a investir na cultura. Morador da Atolosa, ele aposta na canola desde 2015, destinando neste ano uma área de 20 hectares para a cultivar.

Como produtor de grãos, ele optou pela canola pela baixa implementação da cultura e boa rentabilidade. ‘‘É uma cultura de baixo custo, principalmente no que se refere à aplicação de agrotóxicos. Se usa bem menos do que no trigo. Além disso, a canola é excelente opção par rotação de cultura e pode apresentar um ótimo rendimento’’, disse em entrevista.

Hoje, a canola representa apenas 20% da área destinada para as culturas de inverno. O restante é ocupado pelo trigo. Segundo o produtor, a opção pelo trigo se deve principalmente ao fato de que a cultivar acaba deixando mais material no solo após a colheita. A palhada auxilia a manter a umidade do solo e pode até mesmo auxiliar no controle de ervas daninhas.

CLIMA
Até então, o clima tem colaborado para a cultura. O produtor enaltece que a produção média da propriedade varia de 20 a 30 sacas por hectare. ‘‘A expectativa para esse ano é boa. O clima não foi muito quente na implementação da cultura e até então não tivemos registro de geada’’, contou em entrevista.

A geada pode matar a canola. Isso ocorre facilmente na emergência da planta, logo após a semeadura. Outro momento em que ela pode comprometer a planta é no enchimento de grãos. Caso ocorra, acontece o congelamento dos grãos, diminuindo a produtividade.

MERCADO
Por outro lado, a canola não é uma cultura muito usual. O produtor Paulo enaltece que não são muitas empresas da região que recebem o produto, o que acaba desmotivando o plantio e aumento da área.

CANOLA AUMENTA A CONCENTRAÇÃO DE ABELHAS

Mesmo assim, quem planta a oleaginosa tem em mãos uma cultura de baixa implementação e bom rendimento, além de propiciar um campo florido. Aliado a isso está a alta concentração de abelhas. Segundo pesquisa da EMBRAPA, no inverno, existem poucas fontes de recursos florais na natureza para as abelhas. Nesse sentido, a canola garante uma boa florada para a manutenção e o fortalecimento das colônias.

Na canola, pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) constataram que a visitação das abelhas na lavoura aumentou a produção de grãos entre 17 e 30%. Além do rendimento de grãos, a presença das abelhas também aumentou o número de síliquas e o peso dos grãos de canola.

Fonte: Jornal Gazeta