Foi pensando em como reduzir o seu número de vagas ociosas que a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) aprovou, no início de abril, mudanças na forma de ingresso na instituição, passando de uma ocupação 100% pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para um formato misto, com ingresso também por meio de vestibular e processo seletivo seriado (PSS). Apesar de também registrarem dificuldades para preencherem parte das vagas, a maioria das universidades e institutos federais gaúchos não planeja alterações em seus processos seletivos.
No Censo da Educação Superior de 2021 – o mais recente – todas as instituições federais que oferecem cursos de graduação no Rio Grande do Sul informaram ter vagas remanescentes. As universidades com mais colocações não preenchidas foram a do Pampa (Unipampa), com 1.935, e a de Pelotas (UFPel), com 1.436. Para amenizar o problema, são realizados constantes chamamentos para o preenchimento desses postos. Alguns deles, estão abertos atualmente.
A forma de ingresso varia em cada uma das instituições federais gaúchas. Das sete universidades federais do Estado, quatro utilizam, atualmente, apenas o Sisu como forma de ingresso regular, com exceção para processos específicos de ações afirmativas: a UFSM, a Universidade Federal do Rio Grande (Furg), a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Fora a UFSM, nenhuma das outras tem discussões em andamento, hoje, para mudar seus processos de seleção.
Para ocupar as vagas não preenchidas, a UFFS, que tem campi em três cidades do RS, costuma fazer processos seletivos simplificados ao longo do semestre. A ociosidade varia de acordo com cada curso: em Medicina, Medicina Veterinária, Arquitetura e Urbanismo, Enfermagem, Ciência da Computação, entre outros, a ocupação é, muitas vezes, de até 100%, segundo a instituição. Em outros cursos, como na área de formação de professores e alguns bacharelados, a ocupação varia, podendo girar em torno de 40%. Nos campi de Cerro Largo e Erechim, por exemplo, a maioria dos cursos são licenciaturas.
A UFSCPA destaca que nos dois últimos anos, a desistência de alunos foi de 11%. A pró-reitora de Graduação, Márcia Rosa da Costa, lembra que há um contexto de pandemia que impacta o cenário:
— Por enquanto, não temos interesse em aderir a outra modalidade de ingresso, por vários fatores. Agora não temos condições de implantação de outro processo seletivo, pela falta de servidores e condições de arcar com despesas desse tipo. Sabemos que o ingresso via Sisu nem sempre possibilita uma escolha efetiva do candidato em relação ao curso que quer, mas no momento é para nós a forma mais eficaz e viável de realização de processo seletivo. Não descartamos que no futuro possa ser realizada uma análise para encontrar outras formas de seleção — destaca.
Entre as outras três universidades, duas utilizam parcialmente o Sisu para preencher suas vagas – a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que adota o sistema para ocupar 30% das posições, usando o vestibular para as 70% restantes, e a UFPel, que utiliza o Sisu para 80% das vagas, enquanto os outros 20% são definidos por meio do Programa de Avaliação da Vida Escolar (Pave) que, na prática, funciona nos mesmos moldes do PSS, com a aplicação de provas parciais entre estudantes ao final de cada um dos três anos do Ensino Médio. Há, ainda, processos específicos na instituição para quilombolas e indígenas. A UFRGS não respondeu se há debates acontecendo internamente para modificar a forma de ingresso. Já a UFPel disse que não há discussões nesse sentido.
Já na Unipampa, que conta com campi em dez cidades do Estado, realiza-se uma chamada por “nota do Ensino Médio“, específica da instituição. Também é usada a nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Sisu. Está sendo aventada a possibilidade de unificação dos processos seletivos e a simplificação das etapas de matrículas pelos ingressantes. Uma comissão permanente foi criada para debater a adesão ao Pave, que já é adotado pela UFPel, mas não há perspectiva imediata dessa implementação.
Nos institutos federais, a escolha de formas de ingresso também é diversa, incluindo aí o acesso às vagas remanescentes. No Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), a depender do campus, a seleção acontece com prova própria ou por uso da nota no Enem. A previsão é de que as formas de ingresso sigam as mesmas nos próximos anos. Entre vagas de Ensino Superior e Médio, a instituição ocupou 89,26% das posições no processo seletivo mais recente.
No Instituto Federal Sul-riograndense (IFSul), a seleção, até então, se dá com 50% das vagas preenchidas a partir de um vestibular de redação e 50% pelo Sisu. Se as vagas não são preenchidas, é feita uma seleção pelas notas do Ensino Médio. Não há conversas em andamento sobre a mudança nesse acesso.
No Instituto Federal Farroupilha (IFFar), a seleção acontece a partir da nota no Enem. A comissão do processo seletivo avalia anualmente as formas de ingresso adotadas e há discussões sobre a reinclusão do Sisu nas modalidades de acesso e também sobre diminuir as etapas do processo seletivo próprio, em relação ao número de chamadas. A instituições registra ociosidades especialmente em vagas de cursos de licenciatura e em graduações diurnas. Os debates costumam se centrar na oferta de cursos à distância ou mais curtos, a fim de aumentar o interesse e a disponibilidades dos alunos.
Fonte: GZH
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