Poços artesianos vazios e lista de espera de água para consumo animal: como está a seca em São Paulo das Missões

Seca São Paulo das Missões
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O Cantão Suíço das Missões decretou situação de emergência na última semana. A seca está dificultando a vida da população, especialmente quem reside no meio rural.

Segundo Junior Kessler, Técnico Agropecuário e Chefe do Escritório Municipal da Emater, o quadro se agrava cada dia mais. Além de prejudicar as culturas da época, os níveis dos reservatórios preocupam. ”Nos riachos menores somente é possível encontrar a água em pontos isolados do seu leito. Em relação aos açudes, praticamente todos estão com níveis abaixo do normal, muitos deles estão praticamente secos, ocorrendo mortalidade de peixes”, explicou ao citar também que muitos produtores tiveram que retirar os peixes dos açudes, independente do tamanho. Junior acredita que a demanda por peixes na Semana Santa deve ser reduzida em decorrência disso.

Poços Artesianos

A água para o consumo humano também está em falta em alguns pontos do Município, como é o caso do Povoado Planalto e Colônia Municipal. Nesses locais, segundo o Chefe do Escritório da Emater, o abastecimento é realizado com carro pipa. Em conversa com a Defesa Civil Municipal, Júnior destacou que foram entregues mais de 20 cargas de água para o consumo humano, totalizando em torno de 160 mil litros.

No Município, também há uma lista de espera para recebimento de água para dessedentação animal que por enquanto ainda não é realizada. Para suprir a demanda de escassez de água, além ser necessário abaixar as bombas de água nos poços, a Secretaria de Obras intensifica os trabalhos de abertura de bebedouros para o gado.

Atividade leiteira

Um dos principais problemas no setor é a diminuição da ingestão de alimento devido ao excesso de calor, principalmente no uso de pastagens. Com isso, as vacas diminuem a sua produção. ”A oferta de alimentos como silagem, pré-secado e feno tem suprido a necessidade devido às pastagens não se desenvolverem. Em média, o Município coletava 76 mil litros de leite por dia. Hoje, esse volume reduziu para 66 mil por dia”, acrescentou.

Grãos

Segundo a Emater, a cultura dos grãos foi bastante comprometida. O milho foi a mais afetada, com perdas de 40% na produtividade para as áreas plantadas em agosto. Quem fez o plantio mais tarde foi afetado ainda mais. ”São poucas as lavouras que sobraram para colheita de grãos. A maioria dos produtores destinaram o milho para a silagem”, relatou. As olerícolas, destinadas a comercialização e as horas para consumo familiar que não possuem telas de sombreamento, também foram prejudicadas pela seca e calor excessivo.

No caso da soja, cuja área projetada está em 3.800 hectares, 93% da área foi plantada. Desse total, 67% está em fase de desenvolvimento vegetativo, 30% em fase de floração e 3% na fase de enchimento de grãos. A estimativa até o momento é de que as perdas cheguem a 10%, concentradas principalmente nas beiradas de mato e nas manchas com solos rasos em alguns pontos da lavoura.

Proagro

A busca pelo Proagro é realizada por muitos produtores rurais do Município. Até o momento, a Emater contabilizou mais de 60 projetos encaminhados. Contabilizando o Proagro de outros Municípios, a quantia sobe para quase 100.

Para a próxima safra

Com a seca fazendo parte da realidade do produtor ano após ano, algumas medidas podem ser realizadas com o intuito de amenizar as perdas. Segundo Junior, planejar o plantio pode ser uma alternativa. ”Pode-se evitar que as plantas estejam na fase de floração e enchimento de grãos nos meses de dezembro e janeiro; em anos de La Nina, além da possibilidade de seca, também há o forte calor”, disse.

Além disse, o Escritório da Emater trabalha com projetos de açudagem e irrigação nas propriedades que possuem abundância em água. Outro ponto importante é fazer o correto manejo do solo, diminuindo a compactação e sempre mantendo uma boa palhada sobre o solo.