São Pedro do Butiá: Safra de soja apresenta quebra de 33% na variedade precoce

Na soja, a produtividade do plantio mais precoce está comprometida
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São Pedro do Butiá decretou situação de emergência na última semana. A falta de chuva tem causado muitos prejuízos aos produtores rurais. Para acompanhar como está a situação, o Jornal Gazeta Integração conversou com Olir Donato Vier, Técnico Agrícola do Escritório da Emater do Município.

Com os dados já consolidados sobre a perda do milho, a soja passa a ser a preocupação principal dos agricultores a partir de agora. Olir explica que o cálculo da quebra de produção é de 33% para a safra. Inicialmente, a projeção era de um rendimento médio de 60 sacas por hectare. Hoje, se considera apenas a média de 40 sacas por hectare.

O dado leva em conta as variedades mais precoces e que atualmente estão em fase de floração e desenvolvimento de grão. Não se aplica a esse número o plantio mais tardio, que por enquanto ainda não se pode fornecer um cálculo estimado, podendo ainda a cultura, ao receber volumes de chuva, ter um bom desenvolvimento e produtividade. ‘‘O tamanho da planta está muito aquém do que deveria ser para o período. Elas estão terminando o período de floração e colocando as vagens, com esse cenário de seca a planta não irá se desenvolver mais, não tendo mais potencial de recuperação.’’, explicou.

CUSTO MAIOR
Para o produtor rural, ter prejuízo não é bom, ainda mais levando em conta que os custos da produção são grandes. O Técnico Agrícola destacou que os produtores que plantaram a soja mais cedo, tiveram que fazer um investimento maior.
No período de plantio, os fertilizantes apresentavam um preço maior do que o habitual, encarecendo o custo de implementar a cultura. Diante da seca que dificultou o desenvolvimento das variedades mais precoces, o prejuízo no campo vai ser ainda maior do que o preço inicial dos insumos. O produtor vai ter que arcar com todas as despesas, já que a colheita não irá render o valor necessário para cobrir os gastos.

PROAGRO
Por outro lado, o encaminhamento do PROAGRO pode ajudar a diminuir a parcela a vencer no banco. Segundo Olir, no caso do milho, por exemplo, boa parte dos produtores que plantaram fazendo financiamento bancário realizaram a solicitação de PROAGRO. ‘‘Os poucos que não solicitaram tiveram uma rentabilidade boa, principalmente em decorrência do plantio cedo’’, salientou.

Perdas consolidadas

O milho safra já tem dados consolidados em São Pedro do Butiá. A rentabilidade diminuiu em decorrência da seca chegando a marca de 40 sacas por hectare. Segundo o Técnico Agrícola, em raras exceções, a produtividade apresentou um rendimento maior. ‘‘Quem semeou o milho bem cedo, colheu uma quantidade maior, já que a cultura foi beneficiado com volumes maiores de chuva que não acometeram tanto o desenvolvimento da cultura’’, afirmou em entrevista. No ano passado, o rendimento foi ainda pior.

No caso do milho safrinha, ainda é cedo para dizer, já que se inicia o plantio a partir deste mês. Alguns produtores implementaram a cultura, porém, segundo Olir, alguns relatos dão conta de que o desenvolvimento foi afetado pelo volume insuficiente de chuva.

Queda no leite

Mais calor e menos leite! Essa é a realidade dos produtores rurais que trabalham com a produção leiteira. Ela é a segunda maior atividade desenvolvida no Município. Atualmente, são produzidos 47 mil litros de leite ao dia. O valor representa uma queda de 10%.

De acordo com o Técnico, embora a seca tenha diminuído a oferta de pastagens, o principal problema que acomete a produção é outro: ‘‘A quebra principal na produção é mais em função do calor do que por falta de alimentação. A perda é maior para quem ainda atua com o sistema de pastagens’’, explicou. As pastagens estão murchas pelo forte calor, o que compromete também o valor nutricional para a dieta dos animais.

PREJUÍZO NA SILAGEM
Além disso, se falando em milho safra, o prejuízo no desenvolvimento da cultura trouxe aspectos negativos para a silagem que serve de alimento para os animais. ‘‘Novamente colhemos um grão sem qualidade, o que vai obrigar o produtor a utilizar mais ração para complementar a alimentação, o que vai encarecer o custo de produção.
Hoje, muitos produtores aderem à prática de análise da silagem com o objetivo de saber o valor nutritivo do alimento. ‘‘Em certos casos o grão de milho é tão escasso que não tem nem como complementar com outros alimentos. Nem sempre a ração é suficiente para o animal manter o nível de produção’’, relatou.

Driblando a seca

Existem algumas possibilidades para diminuir os prejuízos causados pela seca, tentando amenizar os problemas causados ano após ano. Dentre elas está a irrigação. Porém, ela está longe de se tornar realidade no Município. ‘‘A irrigação é um problema pelo fato de não termos grandes reservatórios de água e os produtores, em sua maioria, não tem costume de fazer irrigação. O que se tem são pequenos sistemas que comportam pastagens’’, complementou Olir. Apesar do Rio Ijuí estar próximo, o acesso até ele é dificultado.
Um dos modos mais fáceis de se preparar para as futuras secas é pensando na realização do manejo de solo com a rotação de culturas e conservação dos solos, o que possibilita, nas épocas que chove mais, armazenar melhor a água no solo. A utilização de plantas em cobertura também é importante, porém, para o produtor de leite, especificamente, adotar essas práticas se torna difícil..