Cerro Largo é o primeiro Município da região a decretar situação de emergência

Abertura de poço artesiano para garantir água

Agricultura e Setor de Obras atuam diretamente no auxílio aos produtores rurais com trabalho para abertura de bebedouros, por exemplo.

O ano iniciou com preocupação no campo. A falta de chuva tem comprometido, principalmente, a vida de quem vive no interior. No Rio Grande do Sul, até esta quinta-feira, 11 de janeiro, mais de 60 Municípios publicaram decreto devido a estiagem. Na região, o Município de Cerro Largo foi o primeiro a declarar emergência.

O Município passa por dificuldades em decorrência do baixo volume de chuva. A baixa precipitação, e de forma irregular, acometeu a produção agrícola, trazendo prejuízo aos produtores rurais e podendo comprometer até mesmo o abastecimento de água devido ao baixo volume nos poços artesianos que abastecem o Município.

Para acompanhar como está a situação, o Jornal Gazeta Integração conversou com o Prefeito em Exercício, Secretário de Agricultura e Expansão Econômica e com o encarregado da Secretaria de Obras, Viação e Serviços Públicos. Em entrevista, eles destacam o trabalho realizado frente ao panorama da seca que persiste.

SITUAÇÃO PREOCUPANTE
O Prefeito em Exercício, Júlio Ledur, destacou em entrevista a preocupação com a falta de chuva. Segundo ele, essa é uma realidade que vem se repetindo ano após ano. Além de dificultar a produção no campo, a falta de uma chuva expressiva também acomete os poços artesianos que diminuem a quantidade de água. ‘‘Viemos de dois anos sem muita chuva. O que chove não é suficiente para recuperar o volume’’, disse em entrevista.

Dentre as medidas para amenizar a estiagem está a construção de poços artesianos novos nas localidades com problema no abastecimento, a exemplo do que aconteceu na Comunidade da São João Centro, que recebeu um poço novo.

Após a declaração de emergência, o Município aguarda a homologação do pedido a nível Estadual e Federal, o que leva em torno de 15 dias para o resultado ser divulgado.

Com a homologação, o Município pode ter acesso mais facilitado a recursos e programas com intuito de amenizar a situação. No ano passado, por exemplo, cestas básicas foram distribuídas para famílias que foram afetadas pela seca. Além disso, o Prefeito em Exercício salienta que a população se conscientize sobre o uso da água, utilizando apenas o necessário.

PERDAS NA PRODUTIVIDADE
No campo, os produtores enfrentam a diminuição da produção. Segundo Ricardo Pacheco Dias, Secretário de Agricultura e Expansão Econômica, no caso do milho, a perda pode chegar a 60%. No ano passado, os agricultores também enfrentaram frustração na safra. No caso do milho, nessa mesma época na última seca, a perda ultrapassou os 70%. ‘‘Essa realidade vem se estendendo desde os últimos anos. A estiagem 2021/2022 foi uma das maiores dos últimos anos. Com uma estiagem atrás da outra, os produtores acabam perdendo o poder financeiro na compra de insumos e sementes’’, disse em entrevista.

Além dos grãos, o Município tem destaque na produção leiteira. O setor também foi afetado pela seca, porém, não de forma tão acentuada como na produção de grãos. Hoje, a perda chega a 15%. Na última seca era de pelo menos 20%. Os números são, principalmente, reflexo da diminuição das pastagens e do estresse térmico com o calor escaldante.

A Secretaria atua diretamente no trabalho para amenizar a situação junto aos produtores. Uma das ações realizadas é a abertura de bebedouros nas propriedades. Nos últimos dois meses, foram abertos mais de 40 bebedouros para suprir a demanda de água para os animais.

REDE DE ÁGUA
Buscando evitar a falta de água para o consumo humano, ainda no ano passado, um poço novo foi construído ainda no ano passado na Linha Caçador. Outra comunidade com poço novo é a Vila Santa Maria. Em parceria com o Estado, deverá ser ativado nos próximos meses. ‘‘Estamos em tratativa com o Governo Estadual para conseguirmos abrir mais um poço, agora na Linha Taquarussu’’, disse ao Jornal Gazeta. Além disso, no último ano, foram trocadas cinco bombas de água. Com o trabalho preventivo e manutenção eficiente nas redes, água não está faltando nas comunidades do interior.

Setor de Obras trabalha intensamente no suporte à rede de água

Para dar suporte aos Munícipes, a Secretaria de Obras, Viação e Serviços Públicos, trabalha intensamente. Em conversa, o Chefe de Obras, João Mumbach, evidenciou as ações realizadas no Município.

Hoje, o principal trabalho no setor é a abertura de bebedouros. Duas máquinas são utilizadas com esse propósito. Os pedidos são realizados diretamente da Secretaria de Obras ou na Secretaria de Agricultura.

Com relação aos reservatórios de água que abastecem as localidades, os mesmos estão com níveis baixos, necessitando até mesmo a perfuração de poços para não ocorrer a falta de água, como é o caso da comunidade da São João Centro que recebeu um novo poço.

O Chefe de Obras também salienta que pode ocorrer falta de água em horários específicos. Isso ocorre em geral quando há grande consumo de água. No caso das bombas, em algumas comunidades foi necessário colocá-la mais profundamente para garantir o acesso à água. ‘‘A falta de pressão na água para chegar até as casa as vezes é dificultada pelo grande consumo. O uso para os animais também aumenta a demanda, já que em muitas propriedades os reservatórios e açudes secaram, necessitando utilizar a água do poço artesiano’’, disse ao Jornal Gazeta.

TRABALHO INTENSO
Embora a Prefeitura esteja trabalhando em turno único, a equipe da Secretaria de Obras trabalha intensamente para fornecer toda a assistência necessária. ‘‘Não tem hora nem tem dia. A equipe que trabalha no setor de água trabalha incansavelmente para atender todas as demandas. Pedimos também que se faça o uso raciona da água ’’, acrescentou o Chefe de Obras ao mencionar que nessa época é muito comum ocorrer vazamentos na rede, principalmente em decorrência de canos que estouram facilmente no verão.

Além disso, ele também destacou que as dificuldades enfrentadas ocasionam uma preocupação com o uso consciente da água: ”Não choveu o suficiente para os poços artesianos garantirem um bom acesso à água. Por isso é importante cuidar o consumo, economizando o máximo possível”.