Estamos finalizando mais um ano. Nesse novo ano que se aproxima, o produtor rural vive com uma certa insegurança: a seca. No fina do ano passado e início de 2022, a seca devastou muitas lavouras na região, trazendo perdas significativas na lavoura e na pecuária. O que se espera para 2023, é que esse cenário não se repita.
Em Cerro Largo, a realidade aponta que a seca está resultando em perdas, especialmente no milho. De acordo com Carla Daniele Sausen, Engenheira Agrônoma da Emater RS/Ascar, vários encaminhamentos de Proagro começaram a ser feitos desde o início do mês de dezembro. Até esta quinta-feira, haviam sido contabilizados, apenas na Emater, 31 pedidos de produtores que fizeram o encaminhamento devido à perdas na lavoura.
A Emater é uma das instituições que realiza os laudos do Proagro. Para conseguir abatimento nos valores que os produtores devem pagar ao banco pelo financiamento da produção, eles precisam respeitar uma série de quesitos, dentre eles respeitar o zoneamento agrícola, que para o milho, na região, iniciou no dia 11 de outubro e encerra no final de janeiro. É claro que para solicitar o Proagro, é necessário ter uma quebra na produção.
A Emater realiza os laudos técnicos do Proagro. Na mesa da Agrônoma Carla Sausen, uma coleção de espigas de milho que serviram para o encaminhamento da solicitação de abatimento de valores junto ao banco
QUEBRA DE 50% NA PRODUTIVIDADE
Em Cerro Largo, a rentabilidade do milho em grão deve ser reduzida, como explica a Agrônoma. ‘‘A falta de chuva tem dificultado o desenvolvimento da cultura. Na floração e enchimento de grão é necessário uma boa quantidade de chuva para garantir uma boa produção, porém, ela foi escassa nas últimas semanas, diminuindo a rentabilidade. Inicialmente, a expectativa da safra estava entre 120 sacas por hectare. Hoje, trabalha-se na média de 60 sacas por hectare’’, disse em entrevista ao Jornal Gazeta sobre a quebra de 50% na safra que é projetada.
Além da falta de chuva, o custo de produção aumentou. Para pagar os investimentos na lavoura, o produtor precisaria colher entre 70 e 90 sacas por hectare.
Para quem realiza o Proagro, se a perda for maior de 60%, a área de milho que iria ser colhida pode ser destinada à alimentação animal.
IRRIGAÇÃO QUE AMENIZA A SECA
Diante do cenário de falta de chuva que preocupa os produtores, a alternativa de muitos deles é o investimento na irrigação. A família de Jair Spohr, da São Francisco, em Cerro Largo, possui um açude com possibilidade de armazenamento de 3 a 4 mil metros cúbicos de água. A fundura do açude é de, aproximadamente, 5 metros.
O produtor de leite possui sistema para irrigar a produção há 15 anos. Para melhorar o estoque de água, ele fez uma barragem.
Em entrevista ao Jornal Gazeta, ele comentou que na última seca, chegou a praticamente esvaziar o açude devido à necessidade de irrigar a plantação. Nesta semana, ele pretende voltar a realizar o uso do sistema. Atualmente, o uso principal é para a área de pasto tifton. São seis hectares que ele usa, principalmente, para fazer feno. ‘‘No início da semana choveu um pouco, cerca de 10mm, mas não é suficiente. Até o final de semana, se não chover, vou começar a utilizar a irrigação nesse pedaço’’, disse em entrevista.
O produtor que atua com a produção leiteira, tem mais de 50 vacas em lactação. Para suprir a necessidade de alimento dos animais, ele plantou 11 hectares de milho. Toda a área será destinada para a silagem. Embora se consiga aproveitar todo o pé de milho, independente da produtividade boa do grão da espiga, a seca pode acometer a boa rentabilidade do grão, resultando na necessidade de complementação da alimentação das vacas, encarecendo o custo de produção.
Em toda a área de milho, o produtor não utilizou a irrigação. ‘‘A última vez que utilizei a irrigação no milho foi na safrinha do ano passado, quando o milho era mais pequeno. Depois, normalizou a chuva e não precisei utilizar mais’’, acrescentou.
Embora tenha um açude e sistema de irrigação, seu Jair destaca que é trabalhoso fazer a colocação dos canos. ‘‘Futuramente pensamos em modernizar o nosso sistema que hoje funciona por canhão. Esse é um dos motivos que acabamos não utilizando ele nesta semana. Isso resulta em bastante serviço’’.
Diante dos anos seguidos de seca, seu Jair afirma que não se arrepende de utilizar a irrigação como forma de amenizar a seca. Porém, ele destaca que ter o sistema não vai resolver o problema. Mesmo assim, quando utilizado, a quebra na produção tende a não ser tão acentuada.
Como exemplo, ele cita a área de pastagem que possui. Por enquanto ele não está utilizando a irrigação no pedaço, mas se for utilizada, a área renderia cerca de 300 fardos de tifton a mais do que se faria normalmente sem o uso da tecnologia. Contabilizando R$ 20 por fardo, o valor adicional seria de R$6 mil.
Hoje, seu Jair considera ter uma irrigação mais importante do que comprar um pedaço de terra. ‘‘Ter irrigação vale apena. Não resolve o problema, mas não traz tanto prejuízo. Acredito que o investimento na irrigação é mais importante, hoje, do que comprar um pedaço de terra’’, finalizou em entrevista.
Hoje, além da esposa Lourdes, seu Jair conta com o trabalho das filhas Suely e Kelly e do genro Luiz Butzen que ajudam a tocar a propriedade.
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