O boletim climático do trimestre dezembro, janeiro e fevereiro, elaborado pelos professores da UFFS – Campus Cerro Largo, Anderson Spohr Nedel e Sidinei Zwick Radons apresenta ainda a influência do fenômeno La Niña, que se faz presente e desde o ano passado, com média de temperatura das águas (TSM), no oceano pacífico central, nos últimos 3 meses, 1ºC mais fria que o normal.
Segundo a Nacional Oceanic Atmospheric Administration (NOAA), há, aproximadamente, 80% de chance desse fenômeno permanecer até o mês de fevereiro, influenciando, assim, o regime de chuvas no Rio Grande do Sul, e, em torno de 60% de chance de as condições oceânicas (e atmosféricas) voltarem ao normal, após esse período (pelo menos, até agosto de 2023). Ou seja, há uma tendência de normalidade (climática) no regime de chuvas apenas a partir de março do próximo ano.
A estimativa para o trimestre dezembro/janeiro/fevereiro é de ocorrerem precipitações abaixo da normalidade. Devido à superfície das águas do Oceano Atlântico sul se encontrarem mais quentes que o normal, as precipitações devem continuar a ocorrer de forma irregular e mal distribuídas na região nos próximos meses, podendo haver eventos com grandes acumulados de chuva (pancadas fortes) em curtos períodos de tempo. Para dezembro, janeiro e fevereiro, as projeções dos modelos climáticos apontam para chuvas (+- 30%) abaixo da normalidade climática (que é de 199 mm, 171mm e 158mm).
Com relação às temperaturas do ar para o trimestre, os modelos climáticos estimam, de maneira geral, um comportamento (1,5 -2 ºC) acima do normal (INMET 1991-2020). Deveremos ter um verão extremamente quente, com temperaturas ultrapassando facilmente os 40ºC. Deveremos ter dias com recordes de temperaturas recordes no mês de dezembro, especialmente, assim como, dias consecutivos de temperaturas bastante altas no mês de janeiro.
A condição meteorológica para o trimestre é muito importante para implantação da cultura da soja e definição da produtividade da primeira safra da cultura do milho no Rio Grande do Sul. A condição seca no mês de novembro foi decisiva para as boas produtividades do trigo registradas na região. Infelizmente, a perspectiva de chuvas no trimestre abaixo da média é preocupante para as culturas de soja e milho. Ainda, se espera uma grande variabilidade da produtividade na região.
A exemplo da última safra de verão, alguns locais podem ser atingidos por pancadas de chuva localizadas e apresentarem produtividades razoáveis. Outro fator que chama muita atenção, especialmente para a pecuária, é a previsão de temperaturas elevadas previstas. Os produtores, especialmente de leite, suínos e aves, devem redobrar os cuidados com o conforto térmico de seus animas. Ainda, providências quanto à garantia de suprimento de água para dessedentação devem ser uma prioridade para os agricultores da região e órgão públicos.
Assim, o agricultor deve avaliar, em conjunto com o profissional responsável por sua assistência técnica, o melhor momento para a semeadura da soja e realização das demais atividades de sua propriedade.
Recomenda-se que os agricultores mantenham diálogo constante com os profissionais que acompanham o planejamento e a execução de sua produção, visando estabelecer as melhores estratégias para minimizar impactos de possíveis condições meteorológicas adversas.
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