Na noite da última quarta-feira, 23 de novembro, o auditório da URI Cerro Largo foi sede do II Fórum Municipal de Combate ao Racismo Estrutural – Cerro Largo sem Racismo. A realização do evento foi da Prefeitura Municipal, Secretaria Municipal de
Assistência Social e Centro de Referência de Assistência Social – CREAS, com o apoio da URI e da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS.
O Fórum foi um momento de reflexão e de debate sobre o racismo e objetivou a troca e a aproximação de saberes, o compartilhamento de experiências e a estimulação de processos de participação cidadã por uma sociedade mais justa e igualitária. Através do tema ‘‘Respeito não tem cor, tem consciência’’, foi buscado sensibilizar a comunidade a cerca da
importância de combater práticas discriminatórias e que aumenta cada vez ma is a desigualdade social.
O evento também contou com a exposição de fotos da fotógrafa Gabriela Espíndola. Após os pronunciamentos oficiais, aconteceu um momento artístico com apresentação musical de Everton Francisco da Silva. Natural de Franco da Rocha, regiãometropolitana de São Paulo, reside há dez meses em Cerro Largo onde cursa Engenharia Ambiental na UFFS.
Na sequência, iniciou o painel de debate do Fórum com Fernando Antônio Sodré de Oliveira, Delegado de Polícia da Regional de Santo Ângelo; Ex-oficial do Exército Brasileiro e E x – diretor do Departamento de Polícia do Interior da Polícia Civil Gaúcha.
RACISMO ESTRUTURAL POR FERNANDO SODRÉ
,Racismo Estrutural O Racismo Estrutural está em alta no Brasil e também no mundo porque o assunto afeta as relações sociais e, consequentemente, afeta a sociedade. O racismo estrutural é o racismo presente nas estruturas da sociedade e se desenvolve em dimensões. Existe o racismo individual que acontece entre indivíduos em que uma discrimina a outra. Esse racismo vai se alongando para a questão institucional onde ele opera dentro das instituições e principalmente estrutural onde ele está na sociedade.
Ele se estrutura a partir de um processo chamado de escravidão que temos desde o colonialismo onde havia necessidade, por questões ideológicas, políticas e econômicas, inferiorizar grupos de pessoas em especial negros e índios para um projeto político e econômico. Essa estrutura de 350 anos de escravidão onde o negro era inferiorizado, não saiu da mentalidade e da consciência individual e coletiva.
Esse fenômeno que interfere na sociedade e na percepção das pessoas entre diferença entre brancos e negros é o que se chama de Racismo Estrutural e que precisa de atos conscientes das pessoas para que a gente não reproduza essa estrutura. Temos que entender que viemos de uma época do colonialismo onde havia a inferiorização dos negros que eram inicialmente mercadorias e serviam de mão de obra. Quando eles ganharam a liberdade, a situação não mudou. O sentimento de inferiorização não alterou, ele continuou presente ao longo dos anos.
Esse período todo não se consegue esquecer tão facilmente. A percepção sobre essa estrutura também não mudou de uma hora para outra. É importante se conscientizar de que esses processos interferem diretamente na percepção e por isso precisamos parar de reproduzir as atitudes racialmente perversas e então contribuir para a diminuição do racismo em nossa sociedade.
A educação é um dos importantes pilares para reverter esse pensamento equivocado que prevaleceu por anos, mas para isso é preciso trabalhar com conceitos que tragam a diversidade humana e a igualdade apesar da diferença. Deve-se entender que
o que existe de permanente nas pessoas é justamente a diferença e que nós todos somos iguais, apesar das diferenças. As diferenças fazem parte da construção de cada um. Quando começamos a entender isso e a educação promover esses valores da diferença como valor fundamental e a igualdade como um bem político e jurídico a ser buscado, nós estamos caminhando pra desmontar essa estrutura existente.
EXPOSIÇÃO ”UM OLHAR SEM PRECONCEITO”
Com o objetivo de contribuir voluntariamente com a Campanha Cerro Largo Sem Racismo, a fotógrafa profissional Gabriela Espíndola, idealizou a exposição ‘‘Um olhar sem preconceito’’ e demonstrou através da fotografia que o negro está cada vez mais inserido na sociedade, ocupando os mais variados espaços e que não há mais espaço para discriminação e preconceito. As fotos foram expostas no salão de entrada da URI.
Segundo Gabriela, ‘‘Escolhi retrata a negra dentista, a negra médica, a negra professora, a jovem, a que representa a sabedoria, o empresário, a técnica de enfermagem, a atriz… Com eles eu quis dar vida à exposição’’, disse Na oportunidade, quem também
fez o uso da palavra a atriz Fabíola Dias. ‘‘Minha mãe é descendente de italiano, mas meu pai é negro. Eu sou negra e posso
provar. Eu sou negra quando em 1996 vim para cá e eu pedi emprego em vários lugares. As oportunidades existem, mas elas não são iguais. As pessoas pediam para eu se sabia falar alemão. Eu não sabia. sou negra quando entro em alguns lugares um pouco mais requintados e as pessoas ficam me olhando, dando a impressão que naquele lugar eu não devesse estar’’, disse ao relembrar as situações discriminatórias que viveu.
Quem participou da seção
fotográfica: Nycole Barbosa da Rosa; Alessane Ka (Senegales); Fabiola Aparecida Marques Dias; Janaina Maria Schneider; Gabriela Lenz Irineu; Maria Rosa da Costa; Claudia Batista dos Santos; Gilberto Sami; Percilia Drysse Gonçalves Souza; Ryan Butzen Perius e Rebeca Rodrigues Berres.
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